terça-feira, 5 de abril de 2011

A Técnica e a Arte


Tenho refletido muito sobre essas duas palavras e penso que nem sempre elas andam juntas.
A técnica é o veículo que deve nos conduzir a uma performance mais próxima da perfeição requerida nas situações às quais nos enveredamos. A técnica em meu ponto de vista não deve ultrapassar o tênue limite entre os momentos virtuosisticos, em que a música pede frases muito bem executadas e complexas  e  o exagero “aporcalhado” e “non sense” de músicos imaturos.
É claro que a maturidade só vem com o tempo, anos estudo , prática, gravações, shows, gafes “notas fora” e até vexames estéticos. Sim, vexames estéticos!!
Posso falar por mim:
No auge dos meus 17 anos , no início de minha tragetória de 14 anos acompanhando o grande precursor e influenciador dos principais expoentes da Bossa Nova Johnny Alf, cheguei a tocar com pedal duplo, peles com filme duplo, aspirando ser um “dave Weckl” em terras tupiniquins. É claro que não o utilizei em levadas , mas estavam lá e em momentos solo acabava me utilizando desse recurso.
Isso refletia minha imaturidade musical e a total falta de conhecimento da sonoridade e da estética da música de Jhonny Alf. Isso , com o distanciamento necessário para se enxergar certos erros na vida percebi ser um vexame estético.
Errei, mas creio ter aprendido, e ainda me esforço para respeitar e me enquadrar aos estilos que me são expostos no dia a dia.
Me canso de ver músicos incoscientemente se utilizando de recursos técnicos para suprir necessidades estéticas e de conhecimento de estilos , quando não até pela falta de bom senso e bom gosto musical, que aliás também vêm com o tempo.
Treinamos nossos ouvidos para perceber sutilezas , nuances e aprender a dar o que música nos pede.
A técnica deve ser o veiculo para facilitar nossa voz na música.
E não o principal viés da expressão artística.
A música vai além técnica.

9 comentários:

JP Batera disse...

Seu texto reluz a sua evolução, e é muito bom para abrir nossos olhos e ouvidos e prestar a devida atenção para maturidade musical!
Parabéns pelo texto!
Sou muito seu fã!

Ramon Montagner disse...

obrigado JP
Grande abraço e boa semana pra vc!!

Gustavo Barros disse...

É isso ai Ramon! Estou nessa tb! Mas confesso que por mais que vc ache ter errado estéticamente, na minha opinião vc sempre teve bom gosto até "errando". Nós aqui no Brasil, apesar de ja termos acesso a muita coisa, ainda somos carentes de "tutores" musicais com bom senso e mente aberta. Eu acho vc é um músico da escola moderna da bateria, e todos os seus recursos técnicos são muito bem vindos na nossa música brasileira tb. Aqui a música tb evolui,e, assim como os "gringos", tb podemos ter influência de fora, como foi na própria bossa nova. Interâmbio cultural!
Abração e continue nessa sua jornada bacana!

Ramon Montagner disse...

Valeu Gus..eu é que sou seu fã a tempos...rs
obrigado pela amizade e musicalidade..
abração té logo

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto inteligente e sensível, para nós, não músicos, ficou interessante e fácil a compreensão, a escolha das palavras, foi acertada, entendo que o produto final ( musica pronta) é para o consumidor geral, com ouvidos priviligiados ou não, a sensibilidade então, é a essência da criação, ja que acordes, notas, ressonâncias, para nós, nada mais é que um conjunto de sons que nos faz sorrir, chorar, lembrar...enfim, sentir de alguma forma oque o músico quer nos transmitir, que ótimo que ótimos músicos, como vc, não fazem música pra outros músicos apenas( como tantos e tantos músicos fazem, como se só os músicos soubessem ou entendessem a boa música) e sim pra ouvintes, pura e simplesmente, pelo prazer de se ouvir e ser ouvido por pessoas de universos diferentes do seu próprio, já que bons músicos num dia tocam axé e no outro tocam Coltrane, e sabendo-se agradar ao consumidor de Axé e ao de Jazz, parabéns, mais uma vez, muito bom. Bjs.

Ramon Montagner disse...

muito obrigado pelas palavras querida anônima..rs
valeu bejao

Marciamusical disse...

Ah texto mto bacana! e foto mto fofa! bjos de sua fã!.

Anônimo disse...

Não é apenas da musica brasileira que um baterista pode ou deve se espelhar, se fosse o pedal duplo um problema o Aquiles nao seria um dos Melhores bateristas do mundo. Não é porque ele toca metal com dois bumbos que ele deixa de ser brasileiro. Por que nao podemos desenvolver a ideia do rock nacional? Talvez muitos bateras que adoram tocar rock acabam deixando o pedal duplo, juntamente com essa vontade, apenas para momentos solo. Imaturo ou nao acho que devemos tocar sim o que gostamos para nao acabar virando um musico freelancer sem identidade.
Grato pela atenção.

Ramon Montagner disse...

caro amigo anônimo
Acho que vc não entendeu o que quis dizer nesse humilde post.
Não disse que o errado é o pedal duplo ou o Rock.
Disse que EU usei ESSE elemento de maneira errada em um som que não o cabia.Assim como acharia errado tentar tocar com vassourinhas ou baquetas de feltro num som mais Rock.
Adoro Rock e Heavy metal também.
Tambem respeito o Aquiles,ele merece estar onde está.Em nenhum momento desrespeitei tal estilo ou qualquer músico da área.
Por favor leia com mais atenção e tente entender as coisas corretamente.
abraço